Vila Samambaia

Localizada a 32 km da sede do Município de Tobias Barreto, a Vila de Samambaia surgira em 1903 às margens do Rio Caripau que mediante suas águas correntes e abundantes atraiu os primeiros moradores. Várzia do Caripau foi seu primeiro nome. A mata se destacava, enfeitada por catingueiras, caraibeiras, baraúnas, quixabeiras e demais vegetações nativas que protegiam as águas daquele “riacho”. Por se situar numa baixada banhada por vertentes fluviais, propiciava o plantio e a criação de pequenos rebanhos, os primeiros colonizadores foram cativados por tais influências.
Ângelo do Sítio, Boaventura e Albino José dos Santos, segundo confiáveis relatos foram seus primeiros habitantes, porém chegando àquela Várzea, já encontraram um Senhor de aparência messiânica e de ares tímidos conhecido então por Felipe Ribeiro de Souza que fora apelidado de Felipe Samambaia.

A freguesia crescera cercada por questionamentos, todavia atraindo pequenos comerciantes, vindos de “Campos” na época nome dado à cidade de Tobias Barreto, sendo que se via vez por outras tropeiros e transeuntes, retirantes e gente humilde de outras freguesias que aos poucos se firmava naquele pequeno “torrão” . O progresso paulatinamente foi chegando, mas foi em 1909 que surgiu a primeira feira criada por Felipe à sombra de um suntuoso juazeiro.
A feira foi mudada de local, vindo a ser no espaço que até hoje se encontra. A princípio construíram uma cobertura de palhas de “dicuri”, mas logo se tornara pequena.

Motivados por Dionízio Bispo foi construída naquela então comunidade uma pequena capela inaugurada em Dezembro do corrente ano, já comemorando o nascimento de Jesus Cristo, celebrada pelo Pe. Virgillo do Rosário Montalvão. Abriu-se estrada para facilitar o acesso a Tobias Barreto e o mesmo Dionísio Bispo comprou carro e possibilitou este intercâmbio.

Também recebeu o nome de Igreja Nova, pela influência do catolicismo que já celebrava o seu Padroeiro, São José o que denota a presença tímida das capitanias hereditárias.
Junto a esse avanço foi construído um outro barracão para atender a demanda comercial, o mesmo foi demolido no ano de 2006 pela então Administração Municipal  e construída uma praça enfeitada por um jardim.
Vários acontecimentos nortearam a história da Vila de Samambaia. Fatos políticos, relatos do cangaço, presença do coronelismo, descrições policiais, etc.
A luta de Josafá José de Santana contra o abuso policial, rendeu histórias, mitos que denotam a religiosidade popular até hoje. Mas foi em 1963 que o então herói retorna a sua terra natal, trazendo nos braços a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem, adentrando a Vila de Samambaia em 22 de Novembro. Com solenidade ao som da Lira Nossa Senhora Imperatriz e acompanhado pelo então governador do Estado o Sr. João de Seixas Dórea. Modinhas, cordelistas, aboios, cavalhadas, oratórias, comidas, cortejos e um grandioso baile com o afamado Jósa Vaqueiro do Sertão e seu conjunto da Rádio Difusora de Sergipe definiram a importância daquele momento.


Esta terra desenvolveu-se, seu povo vivia basicamente da agricultura e pequenos rebanhos, padarias atendiam os moradores, feirantes e toda vizinhança com pães artesanais e deliciosos sobre os cuidados dos proprietários a exemplo: O Sr. Manuel de Oliveira ( Sr. Dezinho) e D. Dalva Viana, como também Abelardo Macêdo e Dedé de Amintas.
Olarias traziam um falso progresso, uma vez que os recursos naturais eram explorados, a exemplo da lenha que esgotava a garantia de um futuro fincado em tecnologias renováveis e sustentáveis, porém era o único meio da época.
A feira foi tomando dimensões extraordinárias, com barracas de calçados, de roupas, propagandistas raizeiros, fruteiros que desciam das regiões de Palmares, Curral dos Bois e outras para atender a freguesia. Carros, caminhões, carroças, montarias lotavam a feira, negociantes de um modo geral, propiciavam o progresso.
Houve um momento em que a feira já começava na quinta-feira, logo após prender o gado para a matança, magarefes e outros movimentavam os bares e o comércio e já se escutava durante toda madrugada a movimentação dos feirantes adentrando à Vila. A Pensão de D. joaninha, parteira, muitas vezes não conseguia atender a demanda.
Aqui se viu, Boutiques, loja de bicicleta, fábrica de queijo, manteiga e coalhada, sorveteria, departamento policial com delegado de plantão, posto da FUNASA.
Homens ilustres levaram o nome desta comunidade, Dr. Álvaro Leopoldino Ramos ( Dr. Moreno), advogado influenciou o progresso desta terra, salientando o esporte, motivou a criação de um espaço cultural, hoje pertencente ao Esporte Clube Samambaia.
Filhos desta terra se destacam no mercado intelectual universitário, outros no esporte a exemplo de Gil Sergipano, Campeão brasileiro pelo Bahia e vice campeão pelo Vitória.
O ator global Marcos Palmeira também tem raízes Samambaienses, sendo que primos, tias e madrinha ainda moram nesta terra, que já recebeu por diversas vezes a visita do ator.
Há tempo o futebol já se destacava, orgulhando os filhos da terra, motivando jovens, criando raízes de identificação, tempos em que a Vila se mobilizava e todos se faziam um só coração de amor a sua terra mãe. Homem dedicado a política e de sensibilidade apurada aos filhos desta vila e contemporâneos, esteve e fez parte dos grandes momentos de glória de sua terra, patriota, defendeu os interesses da sua gente, promovendo eventos desportivos, festas juninas, grandes campeonatos e festas imemoráveis.

A primeira capela foi construída no local onde hoje se encontra o posto da FUNASA (SESP) e foi o grande Nilson Leopoldino Ramos que promoveu uma grandiosa festa em louvor a São Pedro, imagem que o mesmo trazendo de São Salvador, capital da Bahia, fez a doação à capela de Samambaia. Em virtude deste santo querido uma grande festa se fez acontecer durante muitos anos, à mesma realizava-se em plena praça, sobre proteção de um tradicional arraial e mobilizava aquela comunidade com comidas típicas, forró tradicional e quadrilhas.
Esta terra também dispunha de um Cartório de Registro Civil, sendo seu primeiro escrivão o Sr. Antero de Oliveira Souza este passando o posto para Luiz de Souza Lima, e por último, fico sobre os cuidados de Luisete de Souza Neto.
rechilieu, obra artesanal, jeito simples de costurar, trazido pelos colonizadores franceses destaca-se na atual Vila encabeçada pela Senhora Dalva Viana, mestra nesta arte, a obra levou o nome da Vila de Samambaia para o cenário nacional e internacional quando destacado no programa da Ana Maria Braga, na Rede Globo de Televisão. A Associação das Artesãs recebem ainda hoje compradores do país inteiro, italianos e outros que se encantam com esta arte.
A arquitetura ainda remonta o período da colonização desta terra, porém pouco valorizada o que compromete o seu patrimônio histórico.
Pontos turísticos foram aos poucos tomando uma dimensão importante, o Bar de Dedé se transformou no Balneário 3M, as Serras de Macacos virou um seleiro de pesquisa, vindo gente do Brasil e do mundo para estudar e conhecer esta área cênica, de rara beleza, onde pesquisadores da UFS se desdobram nas mais diversas áreas para levantamentos e estudos científicos. Recentemente Junior Nogueira, Dr. Na área de Botânica, conclui-o os estudos de doutorado em botânica na caatinga, apresentando este trabalho na Argentina e agora levando para todo Brasil. No próximo ano vários pesquisadores virão as Serras dos Macacos, o que transforma a Samambaia numa importante rota turística.
A MOVAM, (Movimento Operante por uma vida altruísta e melhor) tem feito um trabalho salutar, referente a preservação da fauna e da flora desta região, hoje ela já conta com muitos parceiros, entre eles o Recanto da Serra, espaço turístico criado pelo professor e radialista Pedro Menezes.
Hoje, somente a sede da Vila de Samambaia possui aproximadamente 1.500 (mil e quinhentos) habitantes, seu colégio eleitoral comportando alguns lugarejos circunvizinhos chega aos 5.000 votos e a economia predominante de hoje é a produção de milho, feijão e a pecuária.

(texto adaptado do Trabalho "RELATOS DE MINHA TERRA"
do Professor Joamilton Viana Pereira)